terça-feira

Episode 1.3

Os fatos desde o dia em que tudo fez sentido - aquele dia em Costa do Sol - começam a vir com mais consistência na minha memória.
Depois de voltarmos da praia, em um fim de semana qualquer resolvi visitar minha avó. Voltando ao meu bairro de origem.
Adorava os bolinhos de chuva que ela fazia, e do doce de laranja também. A minha avó era a melhor de todas.
Recordo que ao sair para a rua, reencontri vários amigos da infância, agora com tamanhos e formas diferentes claro, eu ja estava com 15 anos. A maioria ja não morava mais pelos arredores, mas lembro que os poucos que sobraram estavão diferentes demais, um deles era o henrique, recebeu o apelido na infanca de "mumu", eu lembro de como ele recebeu esse apelido, mas isso eu conto outra hora.
E também fiz amigos novos. Amigos dos amigos antigos, e vice e versa. Um deles, Mauricio, que era visinho da minha avó, desenvolveu certa amizade superficial comigo, talvez por causa do video-game que jogava-mos juntos.
Com o tempo passando e eu frequentando cada vez mais minha avó. Aquela amizade realmente engrenou - por assim dizer - . A parte boa é que ele era um ano mais velho, e consequentemente, ela tivera masi experiências do que eu, então sempre aproveitava para "aprender" algo quando o assunto era "garotas".
Na casa ao lado da casa do Maurício morava uma menina, que era uns 2 meses mais velha que eu, que eu ja teria visto alguma vez na casa de minha avó, afinal minha vó costumava tomar chimarrão com os vizinhos, e a mãe dessa menina era um desses vizinhos.
O fato é que as vezes, Maurício interrompia nossas atividades normais, entre elas andar de skte - que agora era talves o único esporte que eu levava algum jeito, depois do video-game claro - para ir "ve-la". O nome dela era Cláudia, que mais tarde viria a ser mais próxima a mim do que eu imaginava.
Um dia me integrei na conversa deles, e ela disse despreocupada:
- Allan, tem uma amiga minha interessada em ti, quer ficar cuntigo eu acho.
Aquilo estremeceu meus joelhos, mas controlei facilmente, e ainda tive a calma de perguntar quem e como surgira esse interesse.
Ela explicou mas eu estava tão inebriado pela idéia de "outra" menina ter esse interesse súbito por mim, afinal eu nem era tão interessante assim.
Ao fim da explicação eu pedi que repetice o nome dela, e sei que esse nome não vou esquecer nunca mais: SHAUANA

-
Minha prima. Disse Maurício, com um ar de deboche.

Eles descreveram-na pra mim, porém foi vago de mais, não consegui formar a figura em minha mente.
Tivemos essa conversa por volta das 12:00, e em torno das 15 horas, ouço gritos, vindos provavelmente da frente de casa. Ao sair me deparo o Maurício e a Cláudia em frente a casa da minha avó.

- Fala ai ?! - com a voz tranquila de sempre.
- Ela ta ali em casa. Cláudia disse, dando uma piscadela pra mim.

E agora, desesperei-me por alguns segundos, mas ao mesmo tempo imaginei que não seria muita mais difícil do que o episódio das férias.
Avisei minha avó onde estaria, e sai tentando manter a serenidade. Esse dia, apesar de não ficar gravado em minha memória com números, como dia do mês, hora ou o que fosse. Foi o dia mais marcante da minha vida afetiva. Esse seria o verdaderio início.

Lembro perfeitamente, da casa num tom de rosa bem apagado, pátio espaçoso, 2 quartos sala de estar, cozinha no andar abaixo e mias um quarto-suite, que era claramente da mãe de Cláudia. Entrei pela porta lateral, e então tive uma visão impressionante - ao menos para mim era - que me deixou imóvel, os dedos do meu pé ficaram dormentes, não conseguia dizer nada, somente observar. Traços delicados posicionados em seu rosto,quase uma fada, algo fora de tudo que eu conhecia como perfeição, o cabelo liso com um tom escuro difícil de se descrever que quando sob o reflexo da luz do sol ofuscava meus olhos, mas o que mais me deixou entregue a ela foi sua timidez quase que hipnotizante.

Quando consegui pronunciar um "oi" não conseguia tirar os olhos dela. E ela mirava o chão com um sorriso quase que imperseptível.
Ja sentados no sofa macio da sala de Cláudia, conversávamos pouco, e na maioria das vezes, com intermédio entre Marício ou de Cláudia. A vontade que tinha de beijar aquela boca perfeitamente desenhada aumentava a cada segundo, mas qual seria o momento certo, e as dúvidas aumentavam quando de repente, olho para o lado e os dois estavam aos beijos - é isso mesmo, Maurício e Cláudia "ficando" - e então percebi que esse é o momento.
Foi o melhor beijo de toda a minha vida, o melhor no sentido de que tudo se encaixava, os movimentos dos lábios e da lígua e de tudo que acontecia, quase um frenesi esorbitantemente perfeito. Mas nada é pra sempre....


continua...

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