quarta-feira

Chapter 2

Experimentei todo o sabor das novas experiências referentes a "ela". Pensei e imaginei coisas que jamais seria eu capaz de imaginar tempos atrás.
Prestando atenção em cada olhar, cada movimento de seu corpo, me apaixonando por cada palavra que saia de sua boca perfeita e sob medida. Eu realmente estava "amando" tudo aquilo.
O que me perturbava as vezes era a distância, pois ela mora próximo a casa de minha avó, mas eu pelo contrário, viva a uns 6 ou 7 quilometros dali. Parece pouco mas quando se tem 15 anos e se vive quase exclusivamente no ceio familiar, era quase tortura ter de fazer aquele percurso todos os fins de semana.
No colégio, todos notaram a diferença em meu comportamento, meu jeito de agir e falar. E talvez tenham notado também meus momentos de devaneio por "ela" pois eles as vezes duravam uma aula inteira. Quando saia da aula, saia por pouco tempo daquele transe pois precisava estar alerta o suficiente para não ser atropelado ou algo assim, por que eu não me admiraria se em um momento de insanidade amorosa atravessasse a rua sem sequer notar.
E na sexta feira saia da escola diretamente para o bairro que eu sempre gostei de morar, mas agora mais ainda, afinal ela também morava lá. Passava pouco tempo com minha avó, mas ela já estava acostumada.
Talvez ela compreendesse e até soubesse algo, afinal ela já deveria ter passado com algo parecido na juventude.
Apesar de alguns fins de semana eu não vê-la, conseguia ficar calmo quando conversava com Cláudia e ela me dava informações vitais para continuar em frente, respirando "Shauana". E Cláudia dizia-me que "ela estava curtindo muito, e que se dependesse dela não precisaria terminar nunca.
Terminar - pensei como se não conhessece aquela palavra - não passava nem longe da minha mente.
Até que em um sábado ensolarado, cheguei no rincão - era assim que eu chamava aquela parte do bairro Estância Velha - e fui diretamente até a casa de Cláudia, pois como tinha conversado com ela por telefone - a essa altura, depois de 3 meses frequentando a casa de minha avó, eu e Cláudia passavamos muito tempo juntos, sempre referentes a "ela" - e então vi que Cláudia não estava empolgada como sempre.
- Por que essa cara Cláudia? O que houve? - perguntei preocupadamente.
- Entra Allan, quero fala cuntigo. Seus olhos eram de desapontamento.
Ao sentarmos naquele sofá de tantas recordações, ela sentou-se no sofá de dois lugares como de costume e eu no de três, formando um L. E com a voz fraca ela soltou:
- Acho que "ela" vai terminar contigo. Disse quase num murmúrio.
Instantes se passaram até que eu dissolvesse aquelas palavras sem sentido. Tudo passou tão rápido em minha mente. Todos os momentos desde que eu a conhecera até aquele instante passou em minha mente como um filme mudo e acelerado.
Perguntava-me o que tinha feito errado, o que eu tinha dito para magoa-la. Por que?
Mas nada me ocorria, talvez ela estivesse cansada da minha paixão atordoante, tão potente que fazia meu mundo o dela.
Cláudia me fitava esperando minha reação, e quando percebi que precisava respirar, só consegui perguntar:
- Tu sabe por que Cláudia. - Minha voz quase não saia das cordas vocais.
- "Ela" disse que havia encontrado outra pessoa, e que era melhor parar por aqui. - Percebia que Cláudia realmente havia tomado parte da minha dor, talvez por ter acompanhado de perto a intensidade do meu sentimento por "ela". Eu não conseguia mais ouvir e nem falar nada.
Meu peito doía de forma estranha, como nunca havia acontecido antes. Descobri qual parte ruim da primeira paixão súbita, era a decepção mais súbita ainda.fiquei alguns minutos estaguinado no sofá, sem conseguir raciocinar direito, atordoado como se tivesse levado uma pancada na cabeça. Levantei lentamente sem pronunciar palavra alguma, abri a porta e sai sem pensar em nada. A surpresa era tão grande que parecia um estado de choque intesificado.

Voltei para casa no centro, no mesmo dia. Eu me encontrava em um estado quase de amnésia, em que eu não sabia quem eu era, e nem o que sabia fazer para passar o tempo. Minhas semanas começaram a se alongar, e duas semanas após o ocorrido no Rincão, voltei la, com a intenção de encontra-la e perguntar o por quê daquilo tudo.
E por um acaso, no domingo daquele fim de semana, encontrei-me com ela na casa de Cláudia - que também queria o rim de Shauana, por ela ter me magoado - e frente a frente com a minha fada particular fui direto ao ponto para que aquela tortura terminasse logo. Enquanto ela falava baixo e sem vontade, minha mente se prendeu em uma caixa acústica, onde nenhum som entrava. Aquilo se transformara em raiva, e essa raiva aumentava a cada palavra que ela pronunciava.
Não raiva dela, mas raiva de mim mesmo, por ter acreditado que fadas existissem, e no fim das contas, "ela" não era uma fada, e muito menos minha. Mais tardem após todo aquele constrangimento e uma despedida entre nós que se resumiu em um "tchau", completamente sem gosto algum.
Lembro do Maurício alertando-me sobre isso mas eu nunca poderia imaginar que realmente aconteceria. Ele levava as meninas mais na esportiva, até era rude com elas as vezes, inclusive com Cláudia, mesmo eles estando quase sempre juntos, mesmo que só como amigos.
Nas semanas seguintes tentava entender o que eu havia feito errado, cada dia com mais raiva dentro de mim, por ter sido tão ingênuo. Como ela poderia ter feito aquilo? - eu perguntava a mim mesmo incessantemente.
Mas tudo aquilo tinha trazido coisas boas, afinal agora eu tinha dois grandes amigos, e comecei a frequentar novamente o Rincão por causa dos dois e não mais por causa "dela, mesmo as vezes perguntando a Cláudia sobre "ela".
Desde o dia do termino de tudo, se passaram alguns meses, por volta de 3 eu acho, e eu havia resolvido de vez que eu agiria como Maurício me aconselhara, trata-las como "coisas". Sem valor algum e então tudo se desencadeio de uma forma gritante e natural ao mesmo tempo.
O antigo Allan amoroso e carinhoso estava morto, e interrado em meu peito.

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