-não chore! já estou me sentindo culpado demais. - suas lágrimas caíam como rochas em minhas costas.
-Vá embora! Por favor. - as palavras mal saiam, entre soluços e suspiros e eu não tirava a razão dela. Afinal meus atos não justificavam nada.
Depois de um tempo nossa relação havia perdido intensidade. Talvez por causa da rotina ou do convívio demasiado, não sei ao certo, mas com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo eu não queria encontrar o motivo (por enquanto).
Era verão. Eu havia começado a freqüentar a faculdade. Vivia bem, tinha planos. Grande parte deles Ana estava incluída.
Primeira namorada séria. Tudo novo, inclusive o desejo de formar família.
Praticamente não percebi que tudo havia acabado. Só restava eu, minha moto, meus planos em pedaços e minha culpa.
O esforço para sair pela manhã era tremendo. Mais um longo dia sem nenhuma perspectiva. Primeiros passos para a depressão.
Uma semana havia se passado desde o nosso fim. Eu ainda freqüentava as aulas sem muita vontade, diga-se de passagem, e sem nenhum amigo ou conhecido para passar os malditos 15 minutos do intervalo das aulas. Tempo esse que parecia não passar.
Bom, pelo menos foi assim até encontrá-la. Talvez 4 ou 5 anos desde a nossa última conversa. Morena, cabelos longos e espessos, cacheados. A silhueta era familiar, porém ela possuía formas e curvas seriamente excitantes.
Tudo que acontecera antes daquele segundo se perdeu, não conseguia me concentrar em mais nada enquanto ela se aproximava.
Um metro de distância restante.Eu podia sentir o leve aroma de seu perfume espetacular e mesmo depois de tanto tempo era como se aquele fosse nosso “primeiro contato”.
Ela não era mais aquela menininha que eu havia conhecido ou talvez ainda fosse, porém seu corpo e rosto não me deixavam acreditar nessa hipótese.
- Ola! Quanto tempo?! – Eu disse depois de alguns segundos. Era difícil falar depois do baque.
- Oi! Como você esta? Faz tempo mesmo! – Seu rosto mostrava algo diferente, mas a expressão era mesmo de quem reencontrava um velho amigo.
Tenho certeza que a surpresa foi maior para mim do que para ela. Praticamente nada mudara em mim a não ser a necessidade de nicotina.
Já ela. – Oh my god! - Tudo estava diferente. Claro que ainda era a Thalila de sempre, eu podia ver no fundo dos seus olhos, aquela que ainda me fazia rir e também sorria das bobagens que saiam da minha boca. Aquela que um dia me quis por completo e o máximo que pude lhe dar foi um único beijo.
Á anos não ficava nervoso daquele jeito, inseguro, e mesmo com quase 20 anos parecia um pré-adolescente apavorado com a hipótese de ficar tão próximo a uma garota. Claro que em minha vida isso já não acontecia, mas com ela era diferente e ainda é. E é provável que daqui a algumas décadas ainda seja.
Minha situação emocional não era favorável a um envolvimento. Porém todas as partes do meu corpo eram puxadas para ela, e o que me deixava mais aflito, é que meu coração era o primeiro da lista, ou pelo menos o que restava dele.
Medo. Isso mesmo, era o medo que me impedia de dar um passo sequer em direção a “nós”. Era um sentimento forte e voraz, quase como um leão preso em uma jaula minúscula. Acuado e pronto para um ataque potente.
Dentro dessa jaula estavam meus outros sentimentos diminuídos e apavorados com a fera, brigando entre si.
- Como ela esta linda não é? –
- Perfeita eu diria –
- Bem feito pra você –
- Como eu poderia imaginar? –
- Não importa, ela quis você e mesmo assim você...bom...sem comentários –
- Será que ela ainda lembra de “nós”? –
- Pergunte ora bolas. O máximo que pode acontecer é ela dizer não –
- E você não tem muito a perder, tem? –
- Pare com isso e olhe para ela; esta diferente, esta crescida. É muito provável que ela nem se lembre do único beijo que lhe dei.-
- É verdade, fugi dela por tanto tempo não me espantaria se ela fugisse agora –
- Lembre-se que ela pode já estar namorando “babaca” –
- E se isso for verdade vou ficar com cara de bobo quando perguntar se ela ainda se lembra –
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