Pra que todos entendam melhor tudo isso vou começar do começo (sem redundâncias ;)
- vou dividir minha história... ou melhor a história de um cara parecido comigo e pedaços fáceis de se entender, e tambem prática de uni-las de forma coerente e espero que gostem -
Chapter - 1
Nasci no final dos anos 80 e início dos 90, naquela época boa, quando se bebia mirinda em garrafa de vidro, na época o auge do rock 'n roll, na época do scort conversível, e do ínico da extinção do disco de vinil.
Nunca fui "rico" por assim dizer, mas minha mãe sempre batalhou para que eu não passasse fome, até por que minha infância é meio vaga, mas uma coisa que ainda lembro-me como se fosse hoje, foi aquele dia, que até então seria o pior dia de todos os outros que viriam - e que eu descobriria mais tarde que não seria o único.
Lembro tão nitidamente que posso descreve-lo quase completamente. Na época eu devia ter entre 4 ou 5 anos, e a cabeça de uma criança desta idade muitas vezes não assimila muita coisa, mas sempre fui muito diferente desde aquele tempo. Eu frequentava uma creche, onde somente filhos de funcionários públicos passavam o dia enquanto seus pais trabalhavam duro, eram dois prédios: o da frente com uma fachada simples mas muito bem cuidada, onde ficavam as salas de aula (por assim sizer) e um salão onde sempre se realizavam festinhas e reuniões, e um mais aos fundos que abrigava a secretaria, diretoria, cozinha e algumas outras salas que agora não recordo com clareza para que serviam. E mais aos fundos ainda havia "uma pracinha" pois assim todos a chamavam.
Lembro de minha avó ir me buscar, o que estranhei de cara, pois minha mãe sempre me buscava, e cheguei a perguntar por ela:
- A mãe não veio vó?? - perguntei com aquele ar incrivelmente infantil e inocente.
-Hoje não. - respondeu ela, um tanto quanto amarga.
Apesar de ter notado não me preocupei. Nesse momento há uma lacuna em minha memória pois não lembro como cheguei em casa mas partir do momento em que pisei na grama do pátio de casa tudo é nítido como um filme em HD.
A casa de madeira, num amarelo desbotado, coberta com telhas de cerâmica cor de terra-cota, com um cercado de madeira, a casa tinha uma forma quadrada perfeita, que apesar de não ser tão grande era perfeitamente confortável. O corredor de pedras de "laje" que ia do portão seguindo pela lateral esquerda da casa até a portas dos fundos, onde havia uma pequena área de serviço, onde havia um tanque de concreto, uma centrífuga que fora da minha avó, e que agora trabalhava incessantemente.
Costumávamos entrar em casa sempre por aquela porta dos fundos mas nunca soube por que. Eram 6:30 da tarde quando entrei em casa percebi algo errado, mesmo que a porta da frente se encontrasse me linha reta em relação a dos fundos, não tinha visto minha mãe sentada no sofá que formava um L na porta da frente.
Quando dei os primeiros passos dentro de casa percebi o ar pesado e quase irrespirável, então percebi de longe os soluços quase constante de minha mãe, e cada passo que dava em direção a ela, mais nítidas eram sua lágrimas. Vou guardar aquele momento por toda minha vida. Fiquei estaguinado em frente a ela que mesmo sentada tinha os olhos na altura dos meus, mesmo voltados para o chão. Sem intender por que do pranto, comecei a chorar aos poucos e então com um abraço forte como aço, ela me apanhou nos braços e seu choro aumentou ainda mais e o meu também quase se igualando ao dela.
Aquele momento pareceu uma eternidade, e com a voz soluçante e irregular pronunciou as palavras que eu também nunca mais esquecerei:
- Ah meu filho... - e essas palavras me fizeram estremecer - Seu pai... morreu.
Era muito difícil acreditar e quase não intendi por completo, mas mesmo assim pareceia que tudo deixara de existir, e como que por reflexo pulei em seu colo e encolhendo-me a abraçei mais forte ainda, e sem dizer uma palavra além das que já havia pronunciado, ficamos ali por longos minutos.
Não lembro ao certo como meu pai era, mas lembro de que era a pessoa mais tranquila do mundo, sempre disposto a ceder as minhas vontades para que isso poupasse a todos da minha cara emburrada.
Desde esse dia nunca mais eu fui o mesmo e somente após muito tempo encontraria vestígios deste trauma.
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