domingo

Episode 1.2

Com tantas mudanças físicas e comportamentais acontecendo, fiquei um tanto atordoado com aquela carga. Diminui a dose de jogos eletrônicos, e também a de estudos - para desespero da minha mãe - . E por algum motivo estranho comecei a gostar da presença de meninas no meu circulo social.

Tinha mudado-me para o centro, próximo ao colégio Marechal Rondon - onde muita coisa aconteceu - e também próximo de muitos lugares "divertidos", bom essa era a definição que minha mãe dava quando eu não queria sair com o pessoal da minha turma.
E com o tempo passando rápido e os hormônios fazendo festa dentro de mim, estranhei que quase todos o guris que andavam comigo, tinham os rostos fuzilados de espinhas, e o meu pra variar, não.
Cheguei a pensar que tinha alguma doença no começo. Mas quanto mais ouvia as conversas das gurias, mais percebia a minha vantagem.
Muitas delas, incluindo algumas professoras, me faziam perder horas imaginando coisas, e uma delas era o tão aclamado beijo, que a essa altura se tornara uma meta em minha vida. Mas o problema era quem??!! - quem se candidataria?

Claro que no colégio era muito difícil para mim, por eu também percebi que as gurias tinham um sério complexo de crescimento precoce, e com isso elas preferiam sempre caras mais velhos. E por sua vez me deixava em desvantagem, pois sempre tive uma expressão um quanto infantil. O que também durou até bem mais tarde. E naquele ano, que agora não recordo, mas lembro que tinha 14 anos, fui passar as férias de verão numa praia do litoral sul.
Costa do sol, o fato de minha mãe e de Erlon - nome do pai da minha irmã - serem funcionários públicos, os dava o benefício de um "camping" onde, novamente, só funcionários podiam frequentar.
O lugar era ótimo, com 12 cabanas estilo chalé, um pavilhão enorme, retangular, com as duas laterais mais longas abertas, e as laterais menores fechadas. Quadra de vollei e futebol juntas. Muito espaço para barracas, árvores por toda parte, outro pavilhão do mesmo tamanho do anterior onde haviam os banheiros. E a consequência deste tamanho todo, era que todo ano que íamos para la, sempre havia muita gente, que consequentemente levavam seu filhos e filhas também.

E pelo fato de o lugar ser fechado, eu passava a noite faznedo estripulias com os meninos e meninas que também passavam férias la. Brincadeiras de todos os tipo rolavam, esconde-esconde, futebol entre sexos, jogavamos cartas entre 7 ou 8 pessoas até altas horas da madrugada as vezes. Mas eu particularmente gostava do esconde-esconde a noite e sempre dava um jeito de esconder-me junto a alguma menina, fazendo com que ficássemos a sós por algum tempo. Tempo que eu usava para analizar como dar o primeiro passo para atingir minha meta. - beijar.
Mesmo fazendo isso quase sempre, minha timidez e inesperiência me repreendiam. Até o dia que durante um jogo de dorminhoco, uma das meninas que jogava conosco, me olhava constantemente, mas eu nem se quer imaginava o que iria acontecer nas horas que seguiriam. Antes do término da partida, uma outra menina chegou ao meu ouvido e murmurou :
-Allan, tem uma amiga minha que quer ficar contigo - e nesse momento fiz um esforço enorme para lembrar como como respirar
- O que tu falou?? - soltei sem pensar, quase com estupidez
-É isso mesmo que tu ouviu. - então bambeei as pernas, não sabia o que dizer, nem sequer consegui perguntar quem era.

Nenhuma das meninas do camping chamava muito a minha atenção, não além do normal. O máximo que consegui depois de alguns instantes foi perguntar quando. E ela respondeu ao pé do meu ouvido:
-Depois dessa partida, disfarça e sai, vai la atrás dos banheiros. - era quase uma alucinação, aquelas palavras faziam sentido, mas eu não conseguia destingui-las.

Automaticamente após o jogo, sai da mesa como se estivesse indo para minha cabana, e fiz a volta no pavilhão, mas fiz isso tudo tão rápido por causa do nervosismo, que nem dei-me o trabalho de certificar que realmente tinha disfarçado o suficiente. Minha mente voava, e meus dedos estavam gelados, não sabia o que diria ou o como agiria, mesmo tendo pensado tanto nesse dia. Até que então dei de cara com ela , parada, escorada na parede, Nina era o apelido, e estando os dois frente a frente, senti-me aliviado por não ter mais aquele bigode que poderia ter dificultado muito as coisas - nesse instante, um impulso misterioso e inexplicável, fez-me ir adiante - e então agi, assim simples e sem pensar.

Durou só alguns instantes, e meio sem jeito com meus lábios e língua, fiz o máximo possível para não parecer que era minha primeira vez. Quando acabamos, ela me olhou fixamente nos olhos, e com os meus olhos no chão sorri falsamente e disse :

- A gente se amanha - ela sorriu também, e então sai em direção a minha cabana, quase correndo, mas com o passo controlado.
O problema é que os outros 2 dias seguintes, eu não sai de dentro da cabana, com medo da repercussão aquela noite, e quando voltei para casa percebi que agora tudo seria diferente.

Episode 1.1

A passagem da minha infância para adolecência, ocorreu sem muitos problemas ou fatos interessantes, e talvez essa monotonia tenha causado tantos efeitos diferentes quando cheguei a idade adulta. Vive até meus 5 anos naquela casa nostaugica, e então nos mudamos para um apartamento, onde vivi por alguns meses. Lembro poucas coisas daquele lugar, logo em seguida voltamos ao bairro onde nasci e agora vivia numa casa maior porém, estava só a alguns metros da antiga residência onde dei meus primeiros passos.


Isso não me incomodava, apesar de eu nunca me aproximar dela. Mas minha memórias começam a ficar mais nítidas sobre a nova casa, e agora as condições financeiras de minha mãe estavam melhores. Apesar de ter se casado novamente, nunca considerei meu padrasto como pai. Ela engravidou desse homem, e quando fiz 6 anos faltavam 4 meses para que minha meia irmã viesse ao mundo.


Minhas melhores recordações vem dessa época. Tempo em que eu jogava bola na rua até tarde, jogava peão, cela, bolita. Até que ganhei meu primeiro video-game, o que me fez deixar os amigos e as brincadeiras de rua um pouco de lado. Descobri então um gosto anormal, e quase um vício por aquele jogos eletrônicos, e o fato de que na escola eu simplesmente estudava, e não tinha muitos interresses além desse, minha passagem pelo ensino fundamental, pelo menos até a 6ª série é quase sonífera de se contar.


As coisas começaram a mudar quando fui para outra escola, devido a mudança que fizemos novamente, minha irmã ja tinha 6 anos e eu acabara de fazer meu décimo segundo aniversário. Na nova escola, encontrei conhecidos, mas nenhum que eu poderia chamar de amigo. Mesmo assim passavamos quase o tempo todo juntos, e o Renato era um deles, pois ja o conhecia da antiga escola - Edgar Fontoura era o nome do colégio de ensino fundamental onde o conheci - e isso facilitou muito as coisas. Uma coisa que me chamou atenção foi que ao chegar a 8ª séria, ou seja, a última do ensino fundamental, comecei a reparar coisas que até então não tinha interesse, e nem sequer vontade de pensar.


As meninas... que mesmo sendo chatas ao meu ver, mesmo assim começavam a chamar-me atenção como nunca. Suas formas e traços eram de uma forma inexplicável, agradáveis de se observar. Meu mundo era tão voltado a video-games e tudo neles, que isso me assustou um pouco: "como poderia uma menina sem graça me fazer perder a concentração..."




Provavelmente nessa época foi que sofri a transformação mais séira no meu visual. Nunca dei bola para isso, e deixei a natureza seguir seu curso, eu usava um penteado inteiro, quase como um capacete feito de cabelos, todos penteados para baixo, e o fato de meu cabelo não ser de certa forma "liso e fino" dava uma inpreção que eu realmente usava um capacete. Com os anos passando não dei-me conta do maldito bigode que crescia silêncioso, e fazendo que meu rosto parecece sujo - que causava um constrangimento que eu não percebia - e então o Renato disse assim debochadamente:


- e esse bigodinho ai??!! - com um ar altamente brincalhão e ofensivo ao mesmo tempo.


Aquilo me fez realmente pensar em tira-lo imediatamente do meu rosto, e esse foi o primeiro passo. Depois disso comecei a preparar meu cabelo de forma diferente do que sempre fora
Depois desses primeiros passos, muita coisa mudou. E o que marcou essa faze dos 14 pros 15 anos foi o primeiro beijo.


sábado

Chapter - 1. Begining

Pra que todos entendam melhor tudo isso vou começar do começo (sem redundâncias ;)

- vou dividir minha história... ou melhor a história de um cara parecido comigo e pedaços fáceis de se entender, e tambem prática de uni-las de forma coerente e espero que gostem -

Chapter - 1

Nasci no final dos anos 80 e início dos 90, naquela época boa, quando se bebia mirinda em garrafa de vidro, na época o auge do rock 'n roll, na época do scort conversível, e do ínico da extinção do disco de vinil.
Nunca fui "rico" por assim dizer, mas minha mãe sempre batalhou para que eu não passasse fome, até por que minha infância é meio vaga, mas uma coisa que ainda lembro-me como se fosse hoje, foi aquele dia, que até então seria o pior dia de todos os outros que viriam - e que eu descobriria mais tarde que não seria o único.
Lembro tão nitidamente que posso descreve-lo quase completamente. Na época eu devia ter entre 4 ou 5 anos, e a cabeça de uma criança desta idade muitas vezes não assimila muita coisa, mas sempre fui muito diferente desde aquele tempo. Eu frequentava uma creche, onde somente filhos de funcionários públicos passavam o dia enquanto seus pais trabalhavam duro, eram dois prédios: o da frente com uma fachada simples mas muito bem cuidada, onde ficavam as salas de aula (por assim sizer) e um salão onde sempre se realizavam festinhas e reuniões, e um mais aos fundos que abrigava a secretaria, diretoria, cozinha e algumas outras salas que agora não recordo com clareza para que serviam. E mais aos fundos ainda havia "uma pracinha" pois assim todos a chamavam.
Lembro de minha a ir me buscar, o que estranhei de cara, pois minha mãe sempre me buscava, e cheguei a perguntar por ela:
- A mãe não veio ?? - perguntei com aquele ar incrivelmente infantil e inocente.
-Hoje não. - respondeu ela, um tanto quanto amarga.
Apesar de ter notado não me preocupei. Nesse momento há uma lacuna em minha memória pois não lembro como cheguei em casa mas partir do momento em que pisei na grama do pátio de casa tudo é nítido como um filme em HD.
A casa de madeira, num amarelo desbotado, coberta com telhas de cerâmica cor de terra-cota, com um cercado de madeira, a casa tinha uma forma quadrada perfeita, que apesar de não ser tão grande era perfeitamente confortável. O corredor de pedras de "laje" que ia do portão seguindo pela lateral esquerda da casa até a portas dos fundos, onde havia uma pequena área de serviço, onde havia um tanque de concreto, uma centrífuga que fora da minha avó, e que agora trabalhava incessantemente.
Costumávamos entrar em casa sempre por aquela porta dos fundos mas nunca soube por que. Eram 6:30 da tarde quando entrei em casa percebi algo errado, mesmo que a porta da frente se encontrasse me linha reta em relação a dos fundos, não tinha visto minha mãe sentada no sofá que formava um L na porta da frente.
Quando dei os primeiros passos dentro de casa percebi o ar pesado e quase irrespirável, então percebi de longe os soluços quase constante de minha mãe, e cada passo que dava em direção a ela, mais nítidas eram sua lágrimas. Vou guardar aquele momento por toda minha vida. Fiquei estaguinado em frente a ela que mesmo sentada tinha os olhos na altura dos meus, mesmo voltados para o chão. Sem intender por que do pranto, comecei a chorar aos poucos e então com um abraço forte como aço, ela me apanhou nos braços e seu choro aumentou ainda mais e o meu também quase se igualando ao dela.
Aquele momento pareceu uma eternidade, e com a voz soluçante e irregular pronunciou as palavras que eu também nunca mais esquecerei:

- Ah meu filho... - e essas palavras me fizeram estremecer - Seu pai... morreu.

Era muito difícil acreditar e quase não intendi por completo, mas mesmo assim pareceia que tudo deixara de existir, e como que por reflexo pulei em seu colo e encolhendo-me a abraçei mais forte ainda, e sem dizer uma palavra além das que havia pronunciado, ficamos ali por longos minutos.
Não lembro ao certo como meu pai era, mas lembro de que era a pessoa mais tranquila do mundo, sempre disposto a ceder as minhas vontades para que isso poupasse a todos da minha cara emburrada.
Desde esse dia nunca mais eu fui o mesmo e somente após muito tempo encontraria vestígios deste trauma.