quarta-feira
16/05/2012
Assim como os cães quando não sabem o que esperar de alguma situação, comecei a avançar em direção onde a poucos instantes, aquele par de pés estava, percebendo cada mudança na corrente de ar que de vez em quando erguia pequenos tornados de cinzas no asfalto.
A arma em punho servia de guia para 70% da minha atenção, os outros 30% estavam ao redor, eu não gostaria de ser surpreendido por nenhum ladão ou nômade que por ventura viesse a levar os poucos suprimentos que ainda me restavam. Reduzi o passo quando cheguei perto suficiente do sedan para ter noção de seu comprimento e posição na estrada, e num movimento rápido dos pés, agora estava onde deveria estar a pessoa que eu na teoria teria atropelado com a motocicleta.
Nada somente a sulhueta do corpo na fina película de cinzas sob o chão. Ao baixar a pistola e a lanterna , ficando de cócoras para observar se alguma pegada partira da marca na cinza, mais uma surpreza, era como se o corpo tivesse se evaporado. Nenhuma pegada ou vestigio de um "arrasto" daquele lugar. Tentei lembrar ao menos que sapatos o atropelado estava usando quando o atingi, mas foi impossível, talvez um tênis de cano médio, cor escura, era difícil lembrar.
A ansiedade de advinhar para onde teria ido aquele homen ou mulher que agora talvez estivesse machucado -(ou não)-, e mesmo depois da minha queda a meia luz daquele dia/noite eu mal podia distinguir alguma coisa a 2 ou 3 metros a minha frente. Olhando para todos os lados depois de estar em postura novamente, voltei a moto e quando estava prestes a dar a partida escutei aquele som, um som muito característico de metal indo de encontro a outro metal, um tilintar demoníaco, como se duas locomotivas se chocassem, mas em um ton mais baixo, quase uma batida de porta quando fechada com violência, talvez em um ou dois segundos minha arma e lanterna ja estavam a postos, mais tarde me daria conta de como aquele movimento foi rápido.
E não para minha surpresa o som vinha do sedan que eu acabara de checar. Ao deixar a moto, ja ligada e com o motor em ponto morto, roncando como se quisece dizer: - watchout - Talita vinha a minha mente nesse momento.
Vinha em minha direção, e atras dela, Bruna também e em seguida Greg, numa fida indiana, como se tentassem me impedir de avançar- Quando o feixe da lanterna atingiu o vidro do madito carro, vi a cabeça de um corpo encostada no vidro da porta do motorista, corri até la e depois de adaptar minha visão aquela imagem, levei talvez um minuto para ter certeza de que não estava tendo uma alucinação.
Era Greg, - Holyshit - algum bastardo o desenterrara e o deixara ali, dentro daquele túmulo de lata e plástico "ah, quando eu pegar quem fez isso...mother fucker".
Mas o que mais me tirava a sanidade era : -como alguém o tirou do seu lugar de descanço- mas isso agora era o de menos. Meu primeiro impulso foi de tira-lo daquele lugar e levar seu corpo inerte para longe daquela estrada, o ar estava pesado, uma sensação ruin corria pela minha espinha. O que piorou quando vi a porta do carona estraçalhada a uns 2 metros do veículo. Com os pensamentos perdidos em meio a tantas sensções e vontades, vontade de matar alguém por ter feito aquilo ao, talvez único amigo que eu tivera em muito tempo, sentido pena desse bastardo pois quando eu ... Aaahh, where are you ??? Senti algo familiar passar tão próximo do meu braço, alguém estava atirando, um revolver talvez, por reflexo, agachei-me de costas para a porta do carro, meu rosto na altura da face ja um pouco deteriorada do corpo que um dia Greg comandou, e a memória do dia de sua morte veio a tona. - É Greg, como nos velhos tempos.
- Voces, sejam quem for, desenterraram o amigo do cara errado...
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário