terça-feira

continuação...

Depois de mais uma ou duas horas fomos todos para casa. No caminho eu sabia que Bruna me indagaria sobre a futura esposa de Greg, mas ela não pronunciou uma única palavra e isso me assustava.
Eu sentia sua indiferença, mas ela esperou até o momento em que deitamos na cama para dormir.

- É ela não é? Ela a única que mexe com você mais do que eu. – Sua voz era distante, mas eu sabia que ela queria uma resposta sincera.
- Do que você está falando? Como assim “mexe comigo”? – Tentei ao máximo parecer por fora do assunto, mas ela era boa.
- Não se faça de desentendido. Pude ver, e quase pude tocar na ligação entre vocês dois. E não acho uma boa idéia. – Minha nossa como ela fazia aquilo?
- Boa idéia? Ao que exatamente você se refere?
- Sei do pacto de vocês de ele ser nosso padrinho e você o deles. Mesmo que você concorde eu não farei parte disso. – Bruna tinha razão era arriscado, e sim, ela mexia comigo.

Mesmo querendo convencer Bruna a ser madrinha de Greg e Thalila, eu sabia que nenhum argumento meu teria efeito sobre ela, assim como eu ela era muito decidida, convicta de suas decisões. O que me deixava mais tranqüilo era o fato de o tal casamento demorar a acontecer. Eu sabia que Greg queria isso, mas também sabia de sua insegurança com relação a casamentos. Muitos de nossos amigos também se casaram logo após conhecer as esposas, e o fim foi desastroso e fulminante. O único que havia durado mais de um ano e meio foi o meu.

Com o fim de meu curso e a formatura de Bruna, nos desligamos um pouco do grupo de amigos de sempre. Ela não tocou mais no assunto Greg e Thalila. E eu havia me esquecido completamente da data marcada do tal casamento. Ele foi rápido, e dois meses depois de nosso encontro no bar, já havia marcado o casamento para o início do ano seguinte. Ainda faltava um semestre até o dia escolhido por eles.
Saindo na porta da empresa em que eu trabalhava liguei para Bruna para ver como ela estava.
- Ola meu anjo, tudo bem? –
- Tudo bem, estou chegando à casa da minha mãe agora, vou ajudá-la a preparar um bolo para o aniversário de minha irmã. – Como sempre eu não me lembrava disso, ela havia me avisado uma semana antes que iria até a casa da mãe na sexta-feira.
- Você não se esqueceu não é? – Ela sabia, mas eu não gostava de admitir que fosse um tanto desligado de algumas coisas.
- Bom, vou aproveitar para passar no centro e comprar uns livros e uns CDS. – Depois dela essa era minha segunda paixão.
- Porque você ainda compra CDS, ninguém mais tem aparelhos que tocam isso. Você quase não tem onde coloca-los. –
Eu sabia que naquela época pouca gente ainda comprava mídias descartáveis como Cds e Dvds, tudo era virtual e se resumiam em bites e kbytes, mas eu gostava de ter algo tangível quando o assunto era música e filme.
- Eu sempre dou um jeito e você sabe disso, deixe minhas manias em paz. – Terminei com uma risada, como sempre.

Em vinte minutos de transito tranqüilo eu havia chegado a uma das poucas lojas que ainda vendiam Cds e Dvds, e o melhor de tudo era que livros estavam a venda na mesma loja. Eu havia me tornado amigo do dono por freqüentar tanto a loja, e ele como eu era um dos poucos apaixonados por música boa e livros de qualidade.
- Ola Edie, tem alguma coisa nova para mim hoje. Estou inspirado e quero alguma novidade. –
- Oi Luan, chegou alguma coisa nova essa semana mas ainda não tive tempo de catalogar e colocar em ordem, mas já esta no sistema, de uma olhada no terminal e procure por lançamentos. – Uma das vantagens da tecnologia era que praticamente todas as lojas estilo general store tinha um ou dois terminais de consulta de produtos.
A loja de Edie não era grande mas fazia o meu tipo de ambiente, parteleiras organizadas, próximas e no mesanino um pequeno cybercafé. Ele conhecia meus gostos e procurava deixa-los próximos. Filmes de ação e aventura, bom e velho rock and roll e uma pequena parteleira de variados, para meus dias de eclético. Procurava por sinopses interessantes quando percebi um livro ser estendido para mim no ar. Eu já tinha aquele volume na minha coleção, era um dos primeiros que eu havia comprado. Não, era o primeiro. Eu o tinha comprado a cinco anos mais ou menos. Malditos cinco anos.

Quando me dei conta disso, levantei os olhos para ver quem o estendia para mim.
Thalila estava a pouco mais de meio metro de mim com aquele meio sorriso que um dia eu idolatrei.

- Ouvi dizer que os clássicos são os melhores. – Ela ainda tinha aquele tom de voz doce que me fazia delirar.
- O que você faz aqui? – O nervosismo já havia tomado conta de mim por completo.
- Greg recomendou. Ele fala muito daqui.
- É mesmo, viemos aqui desde que inaugurou. – Eu queria perguntar uma tonelada de coisas para ela. Mas eu não era mais aquele garotão. Minha experiência suprimia a minha euforia.
- E então tudo certo para o grande dia?
- Ainda faltam alguns preparativos, lista de convidados. Bruna concordou em ser a madrinha? – Aquela pergunta me fez lembrar da conversa com Bruna algumas noites atrás. Ela estava decidida em não assumir o papel de madrinha.
- Ainda estou convencendo-a, mas acho que não terei muita chance de êxito.
- Entendo. Mas por que ela esta evitando? Ela não foi com a minha cara?
- Ela sente as coisas sabe. Não sei ao certo como ela faz isso, em noventa por cento das vezes ela esta certa.
- Ela sentiu no exato momento em que nos encontramos que Nos conhecíamos a muito tempo, e que já fomos ligados no passado.
- Hum! Entendo. Desculpe então. – Não entendi esse pedido repentino de desculpas. Eu costumava fazer isso anos atrás.

Ficamos em silêncio por alguns instantes até que eu reagi e gritei algo para Edie.

- Edie, vou indo nessa. Volto semana que vem, não encontrei nada que me chamasse atenção. Se cuide.
- Claro Luan, Vá pela sombra.

Quando virei as costas para Thalila ela segurou minha mão esquerda, um toque leve, como sempre foi.

- Você vai estar lá não vai? Vocês dois. – Senti que só o “você” que ela pronunciou estava realmente valendo.
- Claro que sim. Prometi isso a Greg, e para ser sincero estou praticamente tão ansioso quanto ele. – Controlei com mérito a alteração em minha voz para esconder a mentira.
- E para mim também lembra-se? Você me disse que queria estar no meu casamento e vou cobrar essa promessa. – Demorei a me lembrar dessa promessa mas logo a frase veio em minha mente vou estar no seu casamento.

Após me despedir dela sai da loja de Edie, e já dentro do carro que estava estacionado na calçada bem em frente.
Demorei alguns segundos para dar a partida. Você vai estar la não vai? Aquilo martelava forte. Eu realmente queria estar lá, mas como noivo e não como convidado. Quando terminei o raciocínio ouvi aquela voz distante novamente. Depois de anos achei que nunca mais escutaria novamente.

- La vamos nós de novo. – Tão familiar quanto a minha.
- Não aprendeu ainda babaca. Quantas surras você precisa levar para entender?
- Achei que você não existisse mais. O que quer agora.
- Só rir um pouco eu acho. Esta na cara que você vai fazer tudo igual a cinco anos atrás.
- Não seja você um babaca pensando assim.
- É o que veremos. Agora você está casado e não vai acabar só com você. Tenho pena da Bruna. Acho que ela não merece. – Ouvi ele rindo quando terminou a frase.
- O que o faz pensar que farei tudo igual.
- Estou na sua mente. Sei o que pensa e planeja.
- Então fique observando. Mas observe calado.
- Sem problema.

sexta-feira

Ashes

Dias Cinzas


O fogo já estava quase se estinguindo, as frases ainda flutuavam em minha mente, as sombras dos móveis da minha sala não traziam a nostalgia desejada, os retratos na mesa de centro estavam com um tom chumbo, e eu mal conseguia lembrar dos rostos neles escondidos. Acendi um cigarro, e fiquei alguns segundos olhando para o teto e apreciando os desenhos formados pela sombra do lustre.

Por onde andariam as duas naquele momento, se é que estivessem com vida. Depois do ultimo ataque, era difícil acreditar que algum ser-vivo respirasse deste lado do globo. Era estranho pensar que um dia eu faria uma fogueira no meio da sala que bruna decorou com destreza.

Ele já não dava sinais de estar acordado, e aquela primeira noite já estava à pino e eu não conseguia descobrir por onde começar minha busca, já foi muito duro decidir, afinal, depois de tudo, o que aconteceu meus pensamentos não tinham um bom nível de lucidez.

Adormeci depois de alguns minutos de reflexão, deitei sob o tapete encardido pelas cinzas, usando a mochila como travesseiro, e uma das pistolas na mão.

Um feixe de luz passou pela janela agora sem vidros, e tocou meus olhos fazendo com que eu despertasse. As cinzas dançavam naquele cordão de luz que atravessava a sala. Bati a poeira da calça e vesti a jaqueta, peguei a caixa de munição no meu antigo quarto, era difícil encontrar munição para rifles de precisão.

Logo a luz do velho Sol se foi e o dia ficou nublado como eu nunca havia visto. Como se preparando para uma tormenta poderosa, mas não eram as nuvens que davam esse efeito. Depois de um instante pisquei algumas vezes, e vi o que estava fazendo aquilo, estava nevando, mas não era neve, eram flocos disformes de cinzas, como um grande incêndio recém apagado. Mas a concentração no ar era muitas vezes maior, foi difícil respirar, rasguei uma tira da camisa e a coloquei sobre o nariz e a boca.

A destruição na rua era impressionante, não havia casas demolidas e nem escombros, porém a falta de movimento, a textura do céu, e o abandono das casas dava a rua dos Buquês um ar fantasmagórico, talvez até melancólico. Os carros estacionados estavam em ruínas, era pouco provável que ainda houvesse combustível em algum deles.

Lembrei da moto que acabara de comprar, dois dias antes de sair as pressas para cumprir meu dever de cidadão. Abria porta da minha antiga garagem, e lá estava ela, boa e velha motocicleta. Era customizada, e difícil descrever, Estilo shopper, mas com design ultra-moderno, detalhes cromados, O guidão alto e o banco quase no chão. Quando sentei no banco percebi as verdadeiras dimensões. A roda traseira ficava quase na altura do meu ombro, e a dianteira, menor, quase dois metros de distancia da traseira, tinha a altura do meu joelho.

Tentei dar a partida, da terceira tentativa o motor roncou alto lançando cinzas pelos canos de escapamento.

Lembrei porque eu havia comprado aquela máquina, o som do motor me hipnotizava, fazia minha mente relaxar, inebriando qualquer pensamento. Sai da garagem sem saber para qual lado da rua virar. Parei na calçada e estudei a bússola no painel da moto. A agulha girava debilmente a procura do norte, mas sem êxito.

Preparei a mochila no bagageiro da moto e assim que ia partir a terra tremeu, via o lixo e as pequenas pedras na sarjeta se agitarem, começou leve e foi aumentando. Janelas e marquises começaram a despencar. Olhei para traz e vi minha casa balançar como se fosse feita de papel.

E então percebi algo que chamou minha atenção, a bússola da moto parou de girar sem rumo, indicou o sul, era estranho mas já era um começo, provavelmente o norte era para a esquerda, pois o equipamento indicava o sul para a direita. Logo o tremor sessou, bati forte o pedal para dar partida na moto, eu sabia que ela estava com o tanque cheio, mas não sabia como estaria as estradas e rodovias.

domingo

Algo mais e Valentine's day

Faltam alguns dias ainda mas o dia dos namorados esta quase ai, é pessoal VALENTINE'S DAY, eu sei tem todo ano, mas sempre tem aquele imbecil ou aquela abobada que pergunta "ta e o que tuh vai me da no dia dos namorados"... FDP ... ninguém entende será? o que importa é o que o presente representa, e não qual o presente... ¬¬ ... esses dias presenteei uma amiga pois era aniversário dela ... o presente foi um cartão, simples e singelo, mas nele consegui ( ou pelo menos acho que consegui ) dizer e passar para ela a minha intenção. A é teve a rosa também mas né...a rosa, assim como agente, ela nasce cresce e morre, e eu sei que aquela que dei a ela ja deve estar morta mas o que eu espero não ter morrido, é o que a rosa representava, o que coloquei naquela flor era mais do que um simples "happy birthday" e sei que vai estar na memória dela...por tanto que se dane o presente...

E sempre tem um algo mais não é ... algo mais em cada palavra ... algo mais em cada sorriso, olhar e gesto. e esse algo mais que me descontrolo...e não quero ninguém facil de controla, ;)

sexta-feira

TALILA

Te fiz um rock, TALILA
Pode crer que é sobre amor
Mas eu não sou publicitário
E a minha vó é de Bagé

Eu te escrevi uma carta
Cheia de frases de impacto
E se precisa alguma coisa
É só pedir que eu faço
Se tu quiser que eu te leve eu aprendo a dirigir...
Se tu quiser que eu te leve eu aprendo a dirigir...
Te fiz um mambo, TALILA
Sobre cegos na Polônia
É sobre o teu umbigo furado
Teus olhinhos dourados
É sobre a tua pele macia
Pronta pra ser minha morena
Se não tiver como ir pra praia
Não precisa nem estalar os dedos
Se tu quiser que eu te leve eu aprendo a dirigir
Se tu quiser que eu te leve eu aprendo a dirigir
Se tu quiser que eu te leve eu aprendo a dirigir, TALILA