quinta-feira

Continuação...

Senti como se meu antigo temperamento atingisse um murro em cheio no rosto do altruísmo que eu sustentava e o cansaço era muito grande e ele assumiu o controle.
Aquela velha malícia voltando a controlar todos os meus passos e decisões. Mas dessa vez foi diferente, ele não saiu do lugar, simplesmente paralisou, senti que ele queria agir, mas algo o impedia. Talvez fosse impressão minha ou talvez, só talvez, fosse culpa da falta de espaço em mim, espaço em minha mente, ela tomara conta de quase todos os espaços vazios da minha alma.

Mesmo sem poder tê-la ao meu lado fisicamente, sabia que ela estava ao meu lado, podia senti-la. O silêncio dele quase me fez acreditar que tivesse desaparecido completamente. Mas eu estava enganado.

Anos depois de tanto aprendizado, muitas coisas mudaram. Agora com 26 anos eu já tinha passado por muitas coisas. Um casamento relativamente longo, um ótimo emprego, planos em andamento. Tinha uma vida boa.



Casei com 23 anos. Um relacionamento relâmpago como quase tudo no século vinte e um onde tudo acontece no ritmo da internet. Com a promoção no emprego ficou fácil planejar as coisas a longo prazo.
Eu gostava dela, era importante te-la ao meu lado, alguém com quem eu podia contar nos momentos bons e ruins. Ele havia desaparecido completamente, ou pelo menos era o que eu pensava. E era fácil conviver com Bruna, fácil lidar com os problemas junto com ela. Eu não tinha o que reclamar. Éramos um casal feliz por assim dizer. Morávamos próximos aos nossos pais e isso também era bom, afinal de contas todos nos dávamos bem. Claro que nem tudo eram flores como nada na vida, mas não tínhamos queixas sobre nossos sogros e sogras.

Eu estava terminando mais um curso de aperfeiçoamento para melhorar meu desempenho profissional e Bruna estava a ponto de se formar no curso de agronomia. Nossos amigos eram quase os mesmos e todos os meses nos encontrávamos em algum lugar para jogar conversa fora e beber um pouco. Eu ainda tentava fugir da nicotina, e com a ajuda de minha esposa estava quase conseguindo, faltavam alguns passos para a liberdade dessa droga.

Em um desses encontros Greg, um de meus mais antigos e melhores amigos, meu padrinho de casamento inclusive. Disse que traria sua recente namorada para conhecermos e pediu minha atenção em especial. Para ele era importante que eu a aprovasse, assim como fiz quando levei Bruna.
A maioria dos meus amigos ainda era solteiro quando a levei para conhece-los, e como nossos encontros eram muito agradáveis, e sempre em locais de muito bom gosto, Bruna acabou convidando suas amigas para irem também. Com o tempo eu e ela fomos formando alguns casais e quando Greg deu a notícia todos ficamos felizes porque ele era o último dos solteiros convictos. Graças a um pacto que eu e ele fizemos quando mais jovens.

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